Para quem não sabe, existe no Futebol Americano uma regra chamada excessive celebration, e que regula exactamente isso: aquilo que a NFL ou a College Football Association (que determina as regras usadas nas universidades americanas e no resto do mundo) consideram ou não excessivo numa celebração de um atleta em campo. No caso do college, por exemplo, qualquer celebração feita antes de o jogador passar a linha final e marcar o touchdown propriamente dito, é uma falta que leva à anulação do touchdown. A regra tem uma carrada de pequenas regras dentro (do género "não se pode fazer isto excepto neste caso") e é completamente idiota.
Este fim-de-semana voltou-se à vaca-fria. Husain Abdullah (defesa dos Kansas City Chiefs) levou uma penalidade por unsportsmanlike behaviour, especificamente por excessive celebration por se ter ajoelhado para rezar depois de ter marcado um touchdown, o segundo da sua carreira. As palavras do árbitro foram: "unsportsmanlike conduct, going to the ground". A regra diz: "Players are prohibited from engaging any celebrations while on the ground"; ainda assim, a NFL admite que rezar não se enquadra nesta regra e que nenhum jogador pode ser penalizado por isso.
O árbitro que assinalou a falta estava bastante próximo de Abdullah (é o árbitro que vemos com os braços no ar a assinalar o touchdown), mas, das três uma, ou não sabe que rezar é uma excepção nesta regra, ou não conhece a excepção, ou antão achou que Abdullah escorregou de joelhos demasiado tempo. Qualquer uma das opções é parva.
Outras coisas que esta regra inclui são: a) use of taunting acts or words that engender ill will between teams; b) prolonged or excessive celebrations, any celebrations while on the ground; c) two or more players engage in prolonged, excessive, premeditated or choreographed celebrations; d) possession or use of foreign or extraneous objects that are not part of the uniform during the game, or using the ball as a prop.
De todas estas, apenas concordo com a primeira sem qualquer excepção. As outras devem ser vistas caso a caso e a única regra que deveria ser aplicada é a do bom-senso. Aquilo que Hussain Abdullah fez não é nem poderia ser, mesmo que não tivesse sido para rezar, unsportsmanlike. Tal como aquilo que acontece no primeiro vídeo também não é nenhuma falta de respeito. Mas ambos os casos são defensáveis do ponto de vista do livro de regras.
Para mim, caberia aos árbitros a decisão em cada situação. Senão as complicações que a quantidade de alíneas e interpretações à regra causam chegam a um ponto absurdo como o deste caso. Tentar tornar mais óbvia a regra acrescentando alíneas e fazendo excepções só trará mais dores de cabeça aos árbitros, jogadores, adeptos e à própria NFL e CFL.
Bonus level: sketch de Key & Peele sobre excessive celebration.
"das três uma, ou não sabe que rezar é uma excepção nesta regra, ou não conhece a excepção, ou antão achou que Abdullah escorregou de joelhos demasiado tempo. Qualquer uma das opções é parva."
ResponderEliminarAté aqui concordo com tudo, mas esqueceram-se de algo importante. O arbitro não é obrigado a adivinhar a religião do jogado, e limitou-se a cumprir aquilo que o livro de regras manda. O jogador até podia estar a chorar ou com dor de barriga, ou mesmo a rir intensamente. O arbitro viu uma regra, não viu um homem a rezar.
Atenção que sou contra a maioria das flags por excessive celebration, adorava ver o jimmy graham a afundar na goal post ou mesmo quando o victor cruz faz a salsa.
Mas enquanto as regras estiverem escritas no livro, têm-se de cumprir ou levar a respectiva flag.
Saliento a parte de o arbitro não saber se o homem rezava ou não e mesmo de não saber a religião do Abdullah.
Claro que tens razão, João, e por lapso não acrescentei essa opção à lista de alternativas. Creio, no entanto, que a opinião semi-oficial sobre o assunto é que o árbitro terá marcado a penalidade pelo facto de o Abdullah ter feito o "slide" de joelhos antes de rezar.
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