segunda-feira, 23 de junho de 2014

Rui Costa - Tri-campeão da Volta à Suíça

A Volta à Suíça e o Critérium du Dauphiné são as duas principais competições de preparação para a rainha Volta à França. Mas ao contrário do Critérium, recheadinho de estrelas, a Volta à Suíça não era muito impressionante pelos nomes dos ciclistas presentes. Para além de Rui Costa, bi-campeão desta prova e campeão do mundo de estrada, na Suíça estavam Bauke Mollema (que chegou a ser 2º classificado do Tour de 2013, antes de adoecer) e Tony Martin, mestre das provas de contra-relógio.



Impressionante, sim, foi a maneira como Rui Costa ganhou. O à vontade com que o português venceu, já na última etapa, ao atacar o 2º e o 3º classificados da prova sem sequer se levantar da bicicleta. Confesso que não estava muito convicto da forma física do Rui neste ano, mas esta vitória conquistou-me. Antes desta última etapa, já ele tinha dado bons sinais no contra-relógio da 7ª, onde foi terceiro, à frente do lendário Fabian Cancellara e a apenas 28 segundos do Tony Martin, camisola amarela à altura.

PARA O TOUR

Pela primeira vez desde nem eu me lembro quando, temos um ciclista português que é chefe de fila de uma equipa. No ano passado, lá para o meio da prova, o Rui Costa teve de esperar pelo seu chefe de fila que estava a passar um mau bocado, caindo para fora do top 10 e acabando por terminar a prova em 27º (ainda assim foi isso que lhe deu liberdade para atacar e vencer duas etapas). Este ano isso não vai acontecer e vai ter uma equipa inteira a trabalhar para ele, uma vez que a Lampre-Mérida nem tem outros objectivos, como vencer a camisola dos spinters.

Quando acabou a etapa de hoje, um dos comentadores da Eurosport britânica perguntou ao outro: "Achas que o Rui Costa está preparado para fazer bons resultados numa prova de 3 semanas (leia-se, a Volta à França)?" O outro respondeu que sim.



TELEVISÃO PORTUGUESA

No ano passado fiquei contentíssimo quando todos os jornais desportivos puseram o Rui Costa na capa quando ele venceu a 2ª etapa no Tour, e mais ainda quando meteram o Rui Costa e o João Sousa, campeão do mundo e primeiro português a vencer um torneio ATP, respectivamente. Achei que a coisa podia mudar depois disso, talvez se criasse o ambiente certo para que adeptos e jornais se deixassem apaixonar por outros desportos.

No entanto, hoje, enquanto a Eurosport britânica passava a vitória histórica, o tri de Rui Costa na Volta à Suíça, a Eurosport portuguesa passava o campeonato europeu de Superbike. A TVI 24 transmitiu o Critérium du Dauphiné, mas não a Volta à Suíça. Claro que não acho que alguns desportos são mais importantes só porque gosto mais deles, ou que uma prova é mais importante que a outra só porque tem um português. Mas um atleta nacional com tão bons resultados é sempre um bom embaixador para cada desporto e cá quase nunca se tira o devido proveito disso. Vamos ficando com o futebol.

É verdade que os três maiores jornais desportivos mencionavam na capa do dia seguinte este feito do Rui (juntando-lhe também a vitória no mesmo dia de Tiago Machado na Volta à Eslovénia), mas como de costume esta honra acabará por ser inconsequente, sem haver um aprofundamento do desporto, das competições e dos atletas que dê seguimento às vitórias, acabando por se perder uma óptima oportunidade de dar a conhecer outros mundos que não o do futebol.


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