domingo, 9 de novembro de 2014

Andy Schleck abandona o ciclismo

Sempre gostei de desportistas que aparecem ainda muito novos, cheios de potencial mas com algumas falhas, sem serem autênticos monstros e papa-medalhas. O Schleck era exactamente isso. Teve o seu primeiro pódio numa grande volta (Giro) aos 21 anos e a partir daí acumulou camisolas da juventude na Volta a França. Era o meu ciclista favorito, o primeiro favorito que tive na modalidade. Em 2014, com 29 anos, decide abandonar o ciclismo, mas o seu abandono tem acontecido ao longo dos três últimos anos.



A Volta a França de 2010 foi o momento alto da sua carreira, e também para mim como adepto. O ano da "etapa da corrente" - num dos ataques que fez a Contador, na última subida, aquele ataque que parecia finalmente deixar Contador para trás, a corrente saltou-lhe, Contador contra-atacou (disse que não viu a corrente saltar) e ganhou-lhe 39 segundos nessa etapa. 39 segundos foi exactamente o tempo que separou Contador e Schleck no final, com vantagem para o Espanhol. Eventualmente a vitória foi atribuída ao Luxemburgês por controlo anti-doping positivo de Contador, mas a vitória não sabe ao mesmo e Schleck nunca a reclamou.



Parecia o início de uma grande rivalidade, mas quando se voltaram a encontrar no ano seguinte Contador (já não me lembro porquê) não estava em forma e depois disso foi Schleck que nunca voltou a estar. Esse foi o ano da mítica vitória de Schleck no Galibier, talvez a melhor de toda a década no Tour. Atacou no Izoard a 60 km do fim, desceu o Izoard, subiu todo o Galibier na frente e, mesmo quebrando ligeiramente no fim, ganhou 2 minutos e tal à concorrência. Chegou à camisola amarela pouco depois, mas a falta de ambição em algumas etapas e os problemas habituais de correr com o irmão (nunca se sabia bem quem era o chefe de fila, trabalhavam um para o outro intermitentemente, o que os fez perder tempo em várias etapas ao longo dos anos) fizeram com que à chegada do contra-relógio final não tivesse tempo suficiente para não ser ultrapassado por Cadel Evans.



Andy Schleck não voltou a terminar uma Volta a França. Quedas e lesões foram a primeira razão para o se eclipsar do ciclismo, aos poucos. Depois, o seu irmão acusou o uso de um diurético proibido, que o afastou da estrada durante 1 ano, que causou uma instbilidade enorme dentro da família Schleck, com o pai (também ciclista) a aconselhar que ambos abandonassem a carreira. Esse momento, o facto de Andy Schleck nunca mais ter corrido a um grande nível e ainda a sua ligação ao treinador Bjarne Riis (cujo historial de uso e aconselhamento de doping é conhecido) levam a grandes suspeições e teorias.

Fica-me na memória aquele rapaz fininho e simpático, que uma vez disse a um professor que não precisava de estudar porque um dia ia ganhar a Volta à França; que trepava que era uma maravilha mas que não aguentava a pressão dos contra-relógios (e também não tinha jeito para eles). Tenho pena de nunca o ter visto vencer na estrada.



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Os Jogos do Sério - Pelota Basca / Jai-Alai

"Os Jogos do Sério" relata uma busca pessoal pelo desporto mais emocionante à face da terra.

No primeiro post desta rubrica temos um forte candidato a "O Jogo do Sério" nº1. Assim que vi pela primeira vez o Jai-Alai, a mais emocionante das modalidades da Pelota Basca, os meus olhos brilharam.


O que é?

A pelota basca é um desporto medieval, que se manteve bastante próximo da sua origem. Tem 14 variações diferentes, variando consoante a dimensão do campo (30m, 36m, 54m e trinquete) e do equipamento (jogar com a mão, com uma raquetes de madeira ou com as cestas do Jai-alai, jogar com bola de cabedal ou bola de borracha, etc.) 



O campo é parecido com o de squash, mas muito mais comprido e aberto do lado direito. Se a bola toca no chão desse lado (na zona que, na fotografia, é da cor da madeira e não verde como o resto do campo), é considerada fora. Como no squash, a parte mais baixa da parede frontal (a azul na fotografia) também é considerada fora. A bola tem de ser recebida sem bater no chão ou batendo apenas uma vez e atirada contra a parede frontal num movimento único e flúido. De resto é parecido com o squash: perde o ponto quem falhar o serviço, meter a bola fora, deixar a bola bater duas vezes, segurar a bola ou interferir com um jogador da equipa adversária.

Quanto ao modelo de jogo: é em roda-bota-fora. O jogador ou dupla que vence o ponto fica no campo e marca 1 ponto,  quem perde o ponto vai para o final da fila - vence quem chegar primeiro aos 7 ou 9 pontos (consoante as competições).



Watchability (isto é divertido de ver?): 9

Epá, sim! Jai-alai é divertidíssimo de ver. As regras são simples e parecidas com as de outros desportos, o que faz com que seja imediatamente possível seguirmos um jogo. Os movimentos são muito bonitos e a velocidade e o equipamento dão-lhe uma espectacularidade que há em poucos desportos. O único ponto negativo é que, pela televisão, é difícil seguir a bola.

Jogabilidade (isto é divertido e fácil de jogar?): 7

Divertido de jogar deve ser sem dúvida nenhuma, mas deve ser incrivelmente difícil de apanhar o jeito, o que se pode tornar frustrante ao início. Além disso não há por aí muitas arenas de Jai-alai, a única hipótese nesses casos é arranjar uma parede grande lá no bairro e o equipamento pode ser difícil, e caro, de comprar.

Factor cool: 10

Nunca vi nenhum desporto que fosse tão cool, para mim, como o Jai-alai. 10 fácil. Como bónus, já deteve o recorde para o desporto com bola mais rápido (com a bola a ser lançada a 302 km/h) - mas o golfe passou-lhe à frente (328 km/h).

Handicaps: -6

Para além de ser difícil de encontrar equipamento e onde jogar, neste desporto os canhotos não podem participar. É chato.

FINAL SCORE: 20







domingo, 26 de outubro de 2014

Os Jogos do Sério

"Os Jogos do Sério" relata uma busca pessoal pelo desporto mais emocionante à face da terra.

No futuro, vou andar à procura dos melhores desportos do mundo. Para já, faço uma comparação entre quatro dos mais comuns (Futebol, Basketball, Natação e Ténis), para que sirvam de base a esta investigação.

FUTEBOL


Watchability (isto é divertido de ver?): 6
Nisto o futebol varia muito. Há jogos maravilhosos e emocionantes, mas é muito comum ser aborrecido tanto pela quantidade de pau, anti-jogo ou falta de qualidade e inspiração das equipas.

Jogabilidade (isto é divertido e fácil de jogar?): 9
Em Portugal e quase por todo o lado é a modalidade mais acessível de jogar, nem que seja ao fim-de-semana num pavilhão alugado ou na rua com umas mochilas a fazer de baliza, e ainda assim ser um jogo emocionante. Além disso, pode ser jogado por pessoas com tipos de físico diferentes, altos e baixos, magros e caparrudos, homens e mulheres.

Factor cool: 8
Não que o futebol seja cool em si, mas porque o estatuto de alguns jogadores puxa para cima toda a modalidade.

Handicaps: -6
Por valer milhões, há corrupção por todo o lado e isso não é fixe. A preponderância do papel, ou da incompetência, dos árbitros é demasiado pesada no futebol - seria fácil de resolver, mas ninguém está para aí virado. É muito fácil fazer anti-jogo e, quanto a mim, devia ser um jogo de tempo útil (como o basket, por exemplo) e não de tempo real.

FINAL SCORE: 17



BASKETBALL



Watchability (isto é divertido de ver?): 8
Para mim não há nada mais divertido de ver que a NBA. Mas se for o campeonato português, a piada não é a mesma.

Jogabilidade (isto é divertido e fácil de jogar?): 6
Qualquer pessoa pode jogar na escola (tinha um colega de equipa que pesava mais de 100 quilos, isto no 7º ano). Mas para jogar competitivamente, é preciso ser alto, o que automaticamente exclui muita gente.

Factor cool: 8
É uma modalidade exótica o suficiente, em Portugal, para ter um estatuto. E depois há a NBA.

Handicaps: -3
Em Portugal, é difícil de jogar se não for competitivamente, e mesmo aí a modalidade não está muito evoluída. E há a questão da altura.

FINAL SCORE: 19




NATAÇÃO



Watchability (isto é divertido de ver?): 4
Eu não gosto muito de ver natação, porque não vemos os movimentos deles e aquilo parece sempre muito igual. Nos Jogos Olímpicos é sempre mais divertido. A diversidade de modalidades na natação também é um ponto a favor.

Jogabilidade (isto é divertido e fácil de jogar?): 7
Quase toda a gente adora nadar, mas fazer natação é menos divertido. Há pouca liberdade, se compararmos com quase todos os outros desportos, e não encoraja a expressividade individual. Além disso, não há por aí piscinas aos pontapés e costumam ser caras. É menos dado a lesões que a maioria dos desportos. Na natação, é mesmo a capacidade dos atletas que conta - não há interferência de terceiros nem das condições atmosféricas e não há faltas.

Factor cool: 6
O pessoal que faz isto fica com uns grandas ombros, e passam muito tempo de fato de banho.

Handicaps: -4
É um desporto bastante monótono e não é fácil de praticar em qualquer altura ou em qualquer sítio.

FINAL SCORE: 13



TÉNIS



Watchability (isto é divertido de ver?): 9
Os jogos são quase sempre emocionantes porque a cada ponto alguém pode sacar uma pancada incrível. Os movimentos são livres e bonitos de ver e combinam técnica e força. A época do ténis tem vários pontos altos (Grand Slams), que concentram as atenções do público e dos jogadores e nos dão a oportunidade de ir acompanhando os nossos atletas favoritos.

Jogabilidade (isto é divertido e fácil de jogar?): 5
É muito difícil de jogar, sobretudo se não se começar muito cedo, porque os movimentos não são intuitivos. É fisicamente exigente, é caro, e nem sempre é fácil de jogar com quaisquer condições atmosféricas. Por outro lado, as regras estão bastante bem definidas e o uso do hawk-eye veio acabar com muitos dos problemas do piso rápido (a questão nem existe na terra batida).

Factor cool: 8
É uma das únicas modalidades em que as mulheres estão quase tanto em evidência como os homens, o que lhe dá uma aura especial. O circuit também tem uma certa mística: os mesmos jogadores vão-se encontrando em sítios diferentes do mundo.

Handicaps: -2
Continua a ser um desporto elitista.

FINAL SCORE: 20

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Kobe Bryant - já gostámos menos dele

aqui escrevi sobre como o meu ódio de estimação pelo Kobe Bryant se tem, aos poucos, transformado em admiração. A entrada de Steve Nash para os Lakers obrigou-me a gostar mais um bocadinho de uma equipa que sempre vi como o inimigo #1.
 
Aparentemente esta alteração não se deu só comigo. Com Tom Ziller, que escreve para o SBNation, passou-se exactamente o mesmo. Na peça a que chamou How I learned to stop hating and love Weird Old Kobe Bryant fala exactamente sobre isso e define as três razões para tão estranho acontecimento:
 
1. I have gotten soft and am a disgrace to Laker Haters everywhere
2. Kobe has finally let us see his bizarre personality
3. We no longer fear Kobe
 
Cada uma é um bocadinho verdade, a última mais do que as outras. Os Lakers são péssimos; a ética de trabalho do Kobe está melhor que nunca.

Jayne Kamin-Oncea-USA TODAY Sports
 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O dia de captações

 
Toda a minha vida fiz desporto, mas só fiz captações por duas vezes. Da primeira foi para o Estoril, futebol de 11, devia ter aí uns 14 anos. Estava meio perdido - ainda jogava ténis, mas tinha sido contactado por um antigo treinador de futebol para aparecer lá - e só uns dias depois, quando vi os outros jogadores a serem "cortados" é que percebi mais ou menos a importância daquilo.
 
A segunda vez que fiz captações foi há um ano atrás, para a equipa de futebol americano onde jogo hoje, os Crusaders. E a coisa foi diferente. Já há algum tempo que não sentia a atmosfera de balneário, de entrar para uma equipa já formada, com relações vincadas entre a maioria dos jogadores. Para além disso, as provas eram provas a sério: estavam lá quatro treinadores americanos que nos iam cornometrando e avaliando ao longo das várias estações de exercícios. Tinha dois dias para provar que merecia entrar naquela equipa.
 
Já antes me tinha apercebido de que as captações são um momento especial no percurso desportivo de uma pessoa, e senti-o mais ainda nesse dia. As captações são um tipo de competição muito diferente de tudo o resto no desporto.
 
 
  

TU CONTRA O MUNDO

Nas captações estamos sozinhos, tanto no sentido de provavelmente não conhecermos ninguém como no de ser uma competição entre nós e os outros. Não é como nos jogos do campeonato onde há uma equipa (mesmo em desportos individuais, como o ténis, fazemos parte de uma grupo que nos apoia e nos prepara para os jogos), não há um treinador a dar uma palestra de motivação antes, provavelmente não haverá um colega que te dá uma palmada nas costas e te diz para continuares (e se houver, ele não sabe o teu nome e provavelmente não se vai lembrar de ti no dia seguinte). Tens apenas alguns dias para te destacares do resto da maralha, para que comecem a reconhecer a tua cara. Não te vão escolher porque vieste com um grupo porreiro, é a tua habilidade que conta.
 
 

 

MOSTRA-TE

As captações costumam durar pouco tempo, pelo menos em desportos amadores ou semi-amadores. Não há tempo de evolução, não vais poder mostrar nenhum skill que tenhas aprendido naquele tempo. Por isso a única coisa a fazer é mostrar aquilo que sabes. No meu caso foi simples: fui guarda-redes antes de ir para o futebol americano, e sabia que conseguia agarrar uma bola. Não me dei muito bem nas provas físicas, mas mantive-me concentrado até às provas de skills, e mostrei aquilo que sabia fazer. Se alguém mostrar ter uma capacidade sólida para qualquer coisa específica - seja uma caracterísitca física, mental ou de habilidade - isso diz aos treinadores que podem pegar naquele jogador e trabalhar à volta disso.
  

BE A GOOD SPORT

A tua forma física não vai ser ideal no dia das captações, e ninguém espera que seja. Vai custar fazer todos os exercícios e acompanhar os jogadores da equipa que já têm experiência e capacidade. E ainda assim vão pedir-te para te chegares à frente, para mostrares que tens vontade de lutar por um lugar na equipa e nos titulares. Faz isso, chega-te à frente. Também é provável que te sintas um bocado perdido no meio de uma equipa com hábitos (de treino, de relações) já enraizados que não conheces. Será pior ainda se for num desporto do qual sabes muito pouco, vais sentir-te um "nabo". Aceita isso como normal, não te retraias, mostra que queres realmente aprender.  
 

ESCOLHE UM "MESTRE"

Uma das melhores dicas que posso dar é esta: desde o primeiro dia tenta identificar alguém para seguires. Nos Crusaders isso faz parte das regras - todos os rookies têm de escolher o seu veterano, alguém com quem possam aprender sobre o jogo, sobre a equipa, e que tem a obrigação de, de alguma forma, olhar por eles, saber porque não foram ao treino, etc. Mas isso serve para qualquer desporto: escolhe alguém com capacidade de liderança, com experiência, com valores que reconheças como bons (força de vontade, trabalhador, responsável, habilidoso, etc.) e, de preferência, que jogue na mesma posição que tu ou com quem partilhes características, para que te possa ensinar.
 
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Agora que estou no meu segundo ano na equipa, esperei ansiosamente pelo dia das captações, quase tanto como no ano em que era eu que prestava provas. Queria ver os novos jogadores, tentar perceber quem tem potencial, quem é que posso ensinar, acolher na equipa. Mostrar aos rookies as minhas capacidades, fazê-los ver com quem vão competir por um lugar a titular. Também era dia de captações para mim.
 
 

 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Há poucas coisas que aproximam dois adversários; a lesão grave de outro atleta é uma delas

JScott images
Nos momentos finais do jogo entre os Grundy Center Spartans e Wapsie Valley Warriors, para liga de high-school de futebol americano, o quarterback dos Warriors, Andrew, marcou o touchdown que daria a vitória à sua equipa. Minutos depois perdeu os sentidos em campo e foi levado para o hospital com uma lesão na cabeça.
 
Assim que o árbitro apitou para o final do jogo, o center da equipa derrotada abraçou o seu antagonista (no futebol americano, os centers jogam frente a frente o tempo todo).
 
“For a while we just sat there and embraced. After a while I just let him know that us as the Spartans would be pulling for their community and praying for Andrew.”
 
Eu pratiquei desporto competitivo a minha vida toda, e sei que as rivalidades - por vezes não basta vencer o adversário no resultado, é preciso quebrar-lhe o espírito - são fomentadas desde muito cedo. "Os cortes é para serem feitos meio na bola, meio na canela", diziam os meus treinadores no futebol. Nos EUA é pior, porque o college é quase profissional (conseguir uma bolsa pode fazer toda a diferença na vida de um atleta, mesmo que depois não siga essa carreira) e a competição por um lugar numa das melhores universidades começa no liceu. Cria-se mentalidade de odiar o adversário porque só quem odeia mais pode sair vencedor. As coisas são mais sérias mais cedo.
 
Talvez precisamente por isso uma lesão grave, num desporto em que as lesões podem acontecer a qualquer momento (mesmo que não sejam tão comuns como poderíamos achar à primeira vista), possa aproximar dois adversários, ou duas comunidades desportivas inteiras.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Steve Nash e Kobe Bryant sobre o final das suas carreiras

Nash, com 40 anos, já anunciou que este é o seu último ano na NBA. Bryant tem 36 anos (já aqui falei aqui do trabalho que tem feito para voltar a jogar depois das lesões que teve e quando sente que o seu corpo não responde da mesma maneira) e mais dois de contrato com os Lakers, mas ainda não tomou uma decisão sobre se vai ou não terminar a sua carreira depois disso.


Com lesões de parte a parte, Nash e Bryant não jogaram um único jogo juntos o ano passado. Sendo que os dois (mais o Pau Gasol) eram as principais figuras da equipa, não é de estranhar que os Lakers tenham feito a segunda pior época de sempre: 27 vitórias e 55 derrotas. A juntar a isso, tiveram a derrota mais pesada na sua história, 142-94, contra os rivais de Los Angeles, Clippers.
 
Ambos fizeram uma preparação dura na offseason, e estão saudáveis. Mas como diz Kevin Ding neste artigo para o Bleacher Report, vão ter de começar um regime de treino diferente e aprender a não dar tudo o que têm em cada sessão. No primeiro treino da pré-época, tanto Bryant como Nash assitiram ao final da bancada; ordens específicas do preparador físico para que tratem o seu corpo de maneira mais respeitosa, por assim dizer.
 
"In the past, I've always pushed myself to the limit. That's every day. Now I've just got to be a little bit more patient and make sure when you step off the court you still have something there" - Kobe Bryant

"I've always kind of overdone it or tried to do too much on a day-to-day basis. For me, it has been a real challenge this summer to stop while I feel good and come back again later in the day if I have to. Not overdo it and leave myself exposed or exploit the good health I do have. That's going to be a different perspective for me. I've got to pick my spots and give myself the best chance to sustain it." - Steve Nash
 
Tanto um como o outro faziam hábito de treinar mais do que lhes era pedido, mais do que os colegas de equipa, mais do que os adversários. Kevin Ding diz, no mesmo artigo, "on Tuesday, Bryant, in flip-flops, and Nash, sitting next to him, watched their teammates suffer through the practice-ending suicide sprints without them. It's wrong, frankly. But given the choice between wrong and nothing, they'll take wrong."
 
 
 
Aquilo que se passa é que eles sempre procuraram uma maneira de ganhar, e de entrar para a história. Essa maneira era fazer sempre mais para fazer sempre melhor do que os outros. Mas no final da sua carreira, com o corpo a ter mais dificuldade em recuperar, com muitas lesões recalcadas e o fantasma de uma nova sempre por aí, chegar às vitórias implica um esforço diferente. Implica ir para o banho mais cedo, ficar a ver os colegas treinar, estar em campo a ensiná-los e resistir à vontade de entrar e fazerem eles próprios as coisas, esperar que a experiência acumulada e o conhecimento do jogo consigam fazer aquilo que já não conseguem fazer através da frescura física.
 
"As you get older, you've got to accept some things you can and can't do. There's strength in that vulnerability, I think." - Kobe Bryant
 
Este é, talvez, o momento mais triste da carreira de cada jogador. Alguns desistem muito antes de chegarem a este ponto, outros lidam mais naturalmente com essa eventualidade e começam a sua transição para fora dos campos (para serem treinadores ou não) mais cedo. Mas muitos nunca conseguirão ultrapassar o facto de o corpo não os deixar fazer aquilo de que mais gostam, mesmo que o aceitem como fatalidade. É sempre assim no desporto.
 
 
 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A regra de "celebração excessiva" na NFL


Para quem não sabe, existe no Futebol Americano uma regra chamada excessive celebration, e que regula exactamente isso: aquilo que a NFL ou a College Football Association (que determina as regras usadas nas universidades americanas e no resto do mundo) consideram ou não excessivo numa celebração de um atleta em campo. No caso do college, por exemplo, qualquer celebração feita antes de o jogador passar a linha final e marcar o touchdown propriamente dito, é uma falta que leva à anulação do touchdown. A regra tem uma carrada de pequenas regras dentro (do género "não se pode fazer isto excepto neste caso") e é completamente idiota.



Este fim-de-semana voltou-se à vaca-fria. Husain Abdullah (defesa dos Kansas City Chiefs) levou uma penalidade por unsportsmanlike behaviour, especificamente por excessive celebration por se ter ajoelhado para rezar depois de ter marcado um touchdown, o segundo da sua carreira. As palavras do árbitro foram: "unsportsmanlike conduct, going to the ground". A regra diz: "Players are prohibited from engaging any celebrations while on the ground"; ainda assim, a NFL admite que rezar não se enquadra nesta regra e que nenhum jogador pode ser penalizado por isso.


O árbitro que assinalou a falta estava bastante próximo de Abdullah (é o árbitro que vemos com os braços no ar a assinalar o touchdown), mas, das três uma, ou não sabe que rezar é uma excepção nesta regra, ou não conhece a excepção, ou antão achou que Abdullah escorregou de joelhos demasiado tempo. Qualquer uma das opções é parva.
Outras coisas que esta regra inclui são: a) use of taunting acts or words that engender ill will between teams; b) prolonged or excessive celebrations, any celebrations while on the ground; c) two or more players engage in prolonged, excessive, premeditated or choreographed celebrations; d) possession or use of foreign or extraneous objects that are not part of the uniform during the game, or using the ball as a prop.

De todas estas, apenas concordo com a primeira sem qualquer excepção. As outras devem ser vistas caso a caso e a única regra que deveria ser aplicada é a do bom-senso. Aquilo que Hussain Abdullah fez não é nem poderia ser, mesmo que não tivesse sido para rezar, unsportsmanlike. Tal como aquilo que acontece no primeiro vídeo também não é nenhuma falta de respeito. Mas ambos os casos são defensáveis do ponto de vista do livro de regras.
Para mim, caberia aos árbitros a decisão em cada situação. Senão as complicações que a quantidade de alíneas e interpretações à regra causam chegam a um ponto absurdo como o deste caso. Tentar tornar mais óbvia a regra acrescentando alíneas e fazendo excepções só trará mais dores de cabeça aos árbitros, jogadores, adeptos e à própria NFL e CFL.



 Bonus level: sketch de Key & Peele sobre excessive celebration.

O Significado da Solidão








Ainda por cima a equipa deste rapaz está a levar uma tareia

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Portugal é campeão europeu de ténis de mesa

Foi com muita pena que não assisti ao vivo (porque estava ocupado com outras coisas) à final do Campeonato da Europa de ténis de mesa, jogada no Pavilhão Atlântico este domingo. Ainda assim consegui ver o derradeiro jogo entre Marcos Freitas e Timo Boll. Foi bonito de se ver. A equipa feminina também conseguiu a sua melhor classificação de sempre: 12º lugar, garantindo a participação na próxima edição do campeonato.
 
 
Portugal chegou à final, surpresa para muita gente, incluíndo para mim que não fazia ideia da qualidade dos jogadores portugueses neste desporto (Marcos Freitas é 12º do ranking mundial, Tiago Apolónia 20º  e João Monteiro 51º - nada mau para um dos desportos mais jogados no mundo, sobretudo por causa do grande número de jogadores asiáticos). Mas a final era outra conversa, frente à equipa campeã nos 6 últimos anos; a única equipa europeia com jogadores no top 10 mundial, e logo dois - Dimitrij Ovtcharov (5º) e Timo Boll (9º).
 
No primeiro jogo, Marcos Freitas venceu Steffen Mengel (36º), como seria de esperar. No segundo, Timo Boll bateu João Monteiro. Até aqui nada de estranho. Os dois jogos mais difíceis de decidir viriam depois. No primeiro Tiago Apolónia venceu Ovtcharov, depois Freitas fez o mesmo a Timo Boll, ambos por 3-1.
 
 
 
 
Não vi o primeiro jogo, por isso não posso dizer grande coisa sobre ele. Quanto ao segundo, mesmo não percebendo grande coisa de ténis de mesa, posso dizer que já conhecia o Timo Boll de há alguns anos, quando passava horas em frente à Eurosport, e nunca o tinha visto tão cinzento. O segundo set foi dominado pelo alemão com o seu habitual jogo sólido, mas sobretudo depois disso Boll praticamente desapareceu, apático e por vezes triste até. Não sei se foi o efeito de jogar "em casa" do adversário (a televisão onde estava não tinha som), mas posso presumir que o barulho do público possa ter feito a diferença psicológica notória entre os dois atletas. Timo Boll e Marcos Freitas tinham-se defrontado duas vezes até hoje, com duas vitórias expressivas por 4-0 para Boll. O último ponto do jogo foi um exemplo perfeito da diferença na confiança de ambos, com um magnífico contra-ataque de Freitas a deixar Boll sem resposta possível.
 
 
 
 
A única coisa que me estragou a festa foi a presença de Passo Coelho, com ar de quem tem alguma coisa a ver com a vitória. Os três jogadores que disputaram a final estão todos a jogar em equipas estrangeiras, em França e na Alemanha (deve ser porque lá o tempo está melhor), e o nosso governo cada vez aposta menos no desporto.
 
 
 
 
 
 

sábado, 27 de setembro de 2014

Linha-ofensivo não faz ideia do que se passa

O principal papel dos offensive linemans (#55 do vídeo) no futebol americano é proteger o quarterback (#2). Sem ninguém para bloquear, o #55 parece um pouco perdido na jogada; presumo que a equipa da defesa não tenha feito ninguém avançar pelo centro e tanto este linha como o #50 ficaram à procura de alguém em quem "bater". O que ele devia ter feito era olhado para os lados à procura de algum buraco que os seus colegas tenham deixado aberto. Se o tivesse feito talvez tivessem mantido a posse de bola e ele não teria feito má figura na jogada.

The Black Hole - os adeptos dos Oakland Raiders


Quando comecei a conhecer as equipas da NFL apercebi-me de que há montes de merchandising dos Oakland Raiders nas ruas de Portugal. Sempre me perguntei porquê, uma vez que os Raiders são das piores equipas da liga. Aparentemente tem a ver com a imagem de durões da equipa, e do próprio símbolo que metem na roupa, e a malta dos subúrbios gosta disso.

Mas nos EUA os adeptos dos Raiders, que se intitulam The Black Hole, levam a coisa mais a sério. É todo um evento a maneira como se preparam para os jogos. Não vi, em mais lado nenhum nem em nenhum outro desporto este aparato todo (mas vou continuar à procura). Têm aqui alguns exemplos:


 
 


 
 




 
 

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mo'ne Davis continua a crescer para o mundo

Mo'ne Davis ,de quem já aqui falámos, passou de sensação da Little League a ser a primeira lançadora a vencer o título para, agora, ter a camisola que usou no a final no Hall of Fame do baseball norte-americano. Um grande final para a caminhada maravilhosa de Davis durante 2014. A sua evolução nos próximos anos poderá ser uma boa demonstração daquilo que as mulheres podem fazer no mundo do desporto.







segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Kobe Bryant, 36 anos, prepara o seu regresso

Nunca gostei muito dos LA Lakers, em parte por serem rivais dos Boston Celtics mas mais ainda porque a sua principal figura era o Kobe Bryant. Arrogante ao ponto de me fazer sentir desconfortável, demasiado dominante para o jogo ser divertido. Mas o gajo era bom.
 
No ano passado jogou apenas 6 jogos, entre lesões. Com 36 anos podia simplesmente arrumar as botas, mas esse não é o seu estilo. Por isso, nesta off-season trabalhou o dobro de toda a gente para voltar em força. Claro que não vai voltar à sua forma física, esperto como é ele próprio admite que o seu corpo não vai voltar a ser o que era. Mas também sabe que está mais inteligente, que é mais capaz de ler o jogo, de ganhar com a cabeça; às vezes isso não chega, mas ele promete dar luta.
 
Nunca gostei do Kobe Bryant, mas passei a gostar mais dos Lakers quando o Steve Nash - uma das minhas paixões neste desporto - se juntou à equipa. A minha opinião sobre o Kobe parece estar a mudar. Ao contrário do que eu pensava, ele não vivia dos seus atributos físicos e técnicos e usava a sua superioridade como combustível para se manter concentrado. Quem o conhece diz que a sua capacidade nasceu do fogo, da "competitive drive". E, mais do que isso, ele não vive daquilo que conseguiu, mas usa o seu passado para saber o que consegue ou não fazer hoje.
 
 
 

O Petit não é o treinador do Boavista

O verdadeiro treinador do Boavista é Daniel Silva. Esse é que tem o curso de treinador de nível 4, o Petit não passa de um adjunto com nível 2 (ou 3 se já o tiver feito entretanto).
 
Se formos ver Programa Nacional de Formação de Treinadores, o Petit, sendo um treinador de nível 2, pode "preparar, ministrar, rever e avaliar sessões de treino" e "demonstra competências básicas para o treino", mas não pode "planear, implementar, rever e avaliar programas multi-anuais de treino" nem "demonstra competências avançadas de treino, inovação e liderança". Claro que não tem, o Petit não andou a marrar para poder fazer aquilo que faz melhor que é mostrar aos seus jogadores aquilo que devem fazer. "Só o treinador de nível 4 reúne condições para realizar TODAS as tarefas".
 
 
Este documento parece uma piada. Logo no prefácio o ex-secretário de estado da juventude e do desporto, Laurentino Dias, ele diz assim: "Trata-se de reconhecer e dignificar a existência dos treinadores, a quem o desporto Português muito deve, mas que nem sempre são tidos em consideração". Então, ó Petit, não te sentes tão dignificado em nem sequer poderes dar uma flash interview?
 
E continua: "Trata-se de apostar numa das funções essenciais que permitem o desenvolvimento do desporto". Esqueceu-se de mencionar que os cursos de obtenção dos níveis são caríssimos (à volta de 600€ + IVA), e que muitos potenciais treinadores ficam imediatamente assim, em potência.
 
Não tive paciência para ler muito mais porque tudo isto me meteu nojo. A escolha de ter ou não um curso de treinador é dos próprios treinadores; e cabe aos clubes e apenas aos clubes exigirem um curso. Mais ninguém te nada a ver com isso. Eu nem gosto muito do Boavista, mas gostava de vê-los lá em cima este ano e que o Petit nunca faça o curso na sua vida.


Olhem lá para ele a supervisionar o treino com tanta pinta...
Mas na hora de planear estrategicamente, não contem com ele!
 
 
 
 

sábado, 20 de setembro de 2014

O pior "fake punt" da história

No futebol americano uma equipa dispõe de 4 jogadas para avançar 10 jardas no campo. Se não o conseguir fazer, a bola passará para o adversário no ponto até onde a equipa avançou. Por essa razão, se à 4ª jogada uma equipa estiver ainda demasiado próximo da sua linha de touchdown, muitas vezes optam por fazer um punt: um pontapé logo para a frente, entregando  a posso de bola mas fazendo a jogada de ataque adversária começar bastante mais atrás.
 
Uma jogada de punt tem as suas regras específicas e a equipa que o faz toma posições e mete em campo jogadores que indicam imediatamente que o vão fazer. Isso costuma ser uma vantagem para a equipa que defende, que pode posicionar-se de acordo e fazer também entrar os melhores jogadores para receber o punt. Por essa mesma razão, algumas equipas optam por fazer um fake punt: posicionam-se de maneira a indicar que vão chutar a bola, mas depois correm uma jogada normal tentando ganhar as jardas que faltam para terem novamente 4 hipóteses para avançar mais 10 jardas.
 
Foi exactamente isso que tentou fazer a equipa de Arkansas State, no campeonato do College Norte Americano. Fizeram-no de uma maneira horrível e que resultou numa intercepção de bola (ou seja, perderam muito mais jardas do que se tivessem apenas chutado a bola); mas valeu pelo divertimento.

1º passo: pôr um gunner em movimento. Os gunners são os jogadores dos extremos que arrancam assim que a bola é chutada para tentarem placar o adversário que vai receber a bola. Pôr um deles em movimento pode confundir a equipa que defende, mas é exactamente o oposto disso que se quer quando se faz um punt - queremos que eles achem que não se passa nada.

 
 
2º passo, e o melhor deles todos: ter um jogador que finge ter um colapso, ou qualquer coisa do género. Não entendo para o que é que isto serve, excepto para distrair a defesa. Não funcionou. Ninguém se preocupou com ele quando ele caiu, e assim que se levantou tinha um gajo em cima para o "passar a ferro".

 
 
 
 3º passo: ter o punter a atirar uma bola longa. Os punters são bons a chutar, mas a sua habilidade nos passes com a mão não costuma ser grande coisa. Foi o caso. O passe ficou curto - bem curto -  e interceptado.


Palavras do treinador de Arkansas: "Because of the formation we were in for that fake punt, Booker was covered up and couldn't go downfield, or it would be a penalty. So we said, 'What do we want to do with him? Do we want to bubble him or peel him out?' Someone said let's just let him be a fainting goat. I loved it, so we just put that in."

"Fainting goat". Adoro.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Bill Russel, 11 vezes campeão da NBA, sobre a homossexualidade no desporto

Bill Russel falou, nas comemorações dos 50 anos do Civil Rights Act, sobre o que enfrentam os atletas homossexuais no desporto de hoje em dia. Além de ser Hall of Famer da NBA e 11 vezes campeão pelos Boston Celtics, Bill Russel foi também um activista importante para o movimento dos Civil Rights.
 
A sua abordagem ao tema é clara e bem feita. Russel compara a situação em que estão os atletas homossexuais com o que os negros enfrentavam há 50 anos. Questões como se um atleta gay pode ser um bom companheiro de equipa ou se vai trazer problemas aos balneários são exactamente as mesmas, mas dirigidas a uma minoria diferente. O que nos dá alguma esperança de que, eventualmente, não fará diferença para adeptos, dirigentes e atletas se um jogador é ou não homossexual. Já não faz, mas eventualmente também não fará de uma forma aberta.
 
 
"Russell said he would have only one question about a gay teammate: Can he play?"
 
 
 
 
Há uns tempos li um livro que mencionava os Implicit Association Tests feitos pela Universidade de Harvard. Estes teste são feitos para medir os nossos preconceitos não ao nível intelectual e racional, mas sim a nossa reacção imediata a um determinado grupo de pessoas (negros/brancos, obesos/magros, mulheres/homens...). Os testes mostram não só que a grande maioria tem preconceitos contra a minoria menos aceite na sociedade - mesmo que façam parte dessa minoria! - mas também que esse preconceito está tão enraizado que nem mesmo treinando várias vezes o mesmo teste a nossa opinião automática vai mudar. Mas houve um aluno da pessoa que escrevia este livro que tinha conseguido, uma única vez, alterar o resultado (de ligeira preferência para brancos para um resultado totalmente neutro). Ele fez o teste imediatamente depois de ver uma jornada dos Jogos Olímpicos, onde os atletas negros estiveram em grande destaque.
 
A entrada dos atletas negros, sobretudo nos EUA, mudou as raízes do desporto. Mas mais importante que isso, também teve os seus efeitos na sociedade. Ao contrário do que vemos todos os dias nos filmes e anúncios de televisão, nos jornais e um pouco por todo o lado, no desporto todas as raças são facilmente associáveis ao sucesso, à emoção, ao poderio físico; todas têm os seus embaixadores.
 
Com os homossexuais, o aspecto do desporto não irá mudar porque ser gay ou não não tem nenhuma vantagem ou desvantagem física. Mas muda muita coisa na maneira como o desporto ajuda uma sociedade a evoluir.
 
Podem ler a notícia inteira aqui.
 
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A importância do desporto I

Mais uma vez no Columbia Journalism Review, saiu um artigo com o nome What can science tell sportswriters about why we love sports. O tema interessa-me porque sempre me perguntei porque é que gosto tanto de desporto - e de competição no geral. Para já, vou falar apenas no que é abordado pelo artigo.
 
A primeira mensagem vai para os jornalistas de desporto. Neste verão muito se escreveu sobre o cataclismo que se abateu sobre o Brasil na derrota por 7-1, em casa, frente à Alemanha. O mesmo aconteceu com a eliminação prematura da Espanha. Alguns jornalistas decidiram tentar perceber o quanto a derrota tinha afectado o ânimo do país. Já antes do início do Campeonato do Mundo aconteceram por todo o lado protestos contra a FIFA e o governo brasileiro por organizarem o torneio lá; depois da derrota muitos brasileiros declararam-se contentes e outros tantos rapidamente esqueceram a derrota e focaram-se no estado do país.
 
 
 
 
Um questionário conduzido em conjunto pelo YouGov e o Times percebeu que, em 19 países de entre os que participaram neste Campeonato do Mundo, apenas na Colômbia mais de 50% das pessoas se declaram "muito interessadas" em futebol. No Brasil esse número é de 40% e 12% disseram que não se interessam minimamente - ora isso são 24 milhões de pessoas. A mensagem que fica para os jornalistas é que não devem generalizar o quão importante é um evento desportivo para um determinado grupo de pessoas. O desporto é importante, mas não é importante para toda a gente.
 
 

 
 
O segundo tema tratado no artigo é aquele que mais me interessa: porque é que o desporto é tão importante para algumas pessoas? Na opinião de um dos mais conhecidos psicólogos que estuda este assunto, Daniel Wann, existem oito razões.
 
"As pessoas gostam de desporto porque: 1- recebem benefícios de auto-estima; 2- porque têm dinheiro investido; 3- porque um namorado ou namorada ou um membro da família gosta de desporto; 4- porque é excitante; 5- porque é esteticamente interessante; 6-  porque, como no teatro, é um lugar para a expressão emocional; 7- porque precisam de escapar aos problemas do mundo real; 8- porque lhes dá um sentimento de pertença a uma coisa maior."
 
"And yet that’s the puzzle we really want an answer to—not just why we care, but why we care so much about one particular collection of athletes, and why that caring seemingly blinds us to so much else. The New York Times has published dozens of stories in the last few years alone that make me question the entire endeavor of sports fandom: the reluctant police investigation into the rape charges against a famous college quarterback; the corruption of governing agencies from FIFA to the NCAA; the links between concussions and contact sports. And yet, I’m still a fan."
 
Nos próximos posts vou falar mais sobre cada um destes pontos.
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O "elogio" de Bruno de Carvalho a Adrien



Eu até acho o Bruno de Carvalho um tipo fixe, e uma das melhores pessoas para estar à frente do Sporting desde há muitos anos. Mas ele não é propriamente sensível. Ao tentar elogiar o Adrien, depois de ter dito que a selecção não tinha jogado um chavo, as palavras que ele usou foram: "parece-me mais do que evidente que o Adrien tem lugar nesta Seleção". Nesta selecção? Ó Adrien, com amigos assim...