domingo, 16 de agosto de 2015

Ficou mais difusa a divisão entre homens e mulheres no atletismo

Relacionada com a questão da divisão entre mulheres e homens no desporto, de que tenho escrito bastante, está a posição dos atletas andróginos, sobretudo das mulheres que produzem mais testosterona do que o considerado normal. Mas este mês, o tribunal que rege estas questões esbateu mais a linha que divide homens e mulheres, acrescentando: "Nature is not neat. There is no simgle determination of sex".




Tratando especificamente do caso da sprinter sub-18 indiana, Dutee Chand, que tinha sido proibida de competir em 2014 por ter hiperandroginismo, ou seja, por ter mais testosterona produzida naturalmente pelo seu corpo do que o limite para atletas femininas, o Tribunal Arbitral do Desporto declarou que "foi incapaz de concluir que atletas femininas hiperandróginas possam beneficiar de uma tal vantagem de performance que seja necessário impedi-las de participarem nas categorias femininas" (escusado será dizer que também não podiam participar nas masculinas, ficando portanto banidas do desporto oficial).

O tribunal disse ainda que "existindo categorias masculinas e femininas, será necessário que o IAAF formule uma base para a divisão de atletas nessas categorias (...) A base escolhida deve ser necessária, razoável e proporcional para legitimar o objectivo que se quer atingir." Ora, na minha opinião, isto apenas abre a discussão sobre a abolição formal destas barreiras, permitindo que mulheres e homens compitam nas mesmas ligas e provas. Numa altura em que também fora do desporto se põe em causa as definições tradicionais de homem e mulher, esta discussão vem totalmente a propósito e pode muito bem servir como exemplo para tudo o resto.

Dutee Chand rejeitou as recomendações que lhe fizeram para que tomasse medicação ou que fizesse cirurgia para reprimir a produção de testosterona do seu corpo.
"What I had to face last year was not fair. I have a right to run and compete. But that right was taken away from me. I was humiliated for something that I can't be blamed for. I am glad that no other female athlete will have to face what I have faced, thanks to this verdict" 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015