segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A importância do desporto II - neurónios espelho

Para conseguir explicar o impacto que o desporto tem em nós é preciso começar por algo mais genérico: a maneira como o nosso cérebro funciona. Algures durante a nossa evolução desenvolveram-se, mais do que noutras espécies, os neurónios espelho - aquilo que nos permite aprender não apenas quando fazemos uma coisa mas também quando vemos uma coisa a ser feita. Para uma análise mais detalhada vejam este artigo

Quando vemos uma acção a ser feita cerca de 1/5 dos neurónios relacionados com essa acção disparam no nosso cérebro, o que nos permite entender imediatamente a acção que está a ser feita e qual é o seu objectivo. Inclusivamente permitem-nos compreender as emoções provocadas pela acção e pelo seu resultado. Estes 20% são um número suficiente para, por vezes, provocar alterações nos nossos batimentos cardíacos e respiração, mesmo que só estejamos a ver qualquer coisa pela televisão.


Os neurónios espelho também explicam, em parte, por quem torcemos num jogo. Marco Iacoboni, especialista no estudo destes neurónios, diz o seguinte: "É sabido que temos tendência para imitar pessoas que são mais como nós. Quando estou a ver o Federer a jogar contra o Djokovic, é mais provável que vá "espelhar" mais o Federer porque gosto mais dele". Isto é algo que pode definir a nossa preferência clubística ou que jogadores gostamos mais de seguir nos diferentes desportos; é importante referir que não será apenas a habilidade física que determina essa predilecção mas também o quanto nos identificamos com a pessoa ao nível do comportamento e discurso, uma vez que tudo isso faz disparar os nossos neurónios espelho.

Para além de nos permitirem receber do desporto todas as coisas fantásticas deste mundo (e das quais falarei noutros posts), os neurónios espelho têm duas funções imediatas que fundamentais para a importância do desporto. 

Primeiro, com o desporto podemos melhorar a maneira como o nosso corpo se mexe, vendo pessoas com uma habilidade acima da média a fazê-lo. Chutar ou encestar uma bola não terá uma correspondência directa no dia a dia, mas são gestos semelhantes aos que fazemos e que aprendemos a fazer vendo os outros.


Resta aquela que talvez seja a melhor coisa que os neurónios espelho nos dão, sobretudo quando falamos de desporto: se os neurónios espelho fazem disparar cerca de 20% da actividade mental (claro que, para isso, temos de estar realmente embrenhados na acção a decorrer) da que teríamos se realmente fizéssemos aquela acção, significa que temos imediatamente acesso a uma parte do positivo e negativo - da energia vital - que é inerente ao desporto. Qualquer adepto pode esperar sentir-se mais vivo com todas as emoções que os jogadores em campo transmitem a quem os vê, só por estar a vê-los.


So in a last phone call, I asked Iacoboni if mirror neuron activity made us feel good. 

“Oh, yeah,” he said. “Although this is something very hard to prove, it makes a lot of sense. If this system is important for the things we believe it is, which is social cognition, understanding the mental states of others, empathizing with others, and how to learn things just by watching others, evolution must have devised something that makes us feel good when we activate these cells, which makes us do it more and more, because that is an adaptive mechanism. The popularity of watching sports is a good demonstration of this.”






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