terça-feira, 22 de julho de 2014

Prós e contras: etapas de paralelos

Depois de mais uma etapa duríssima em paralelos, o vencedor do ano passado Chris Froome abandona o Tour deste ano ao 5º dia na estrada. Essa é a razão para mais uma discussão aguerrida sobre se as cobblestones devem ou não fazer parte da Volta à França.






Contras:

Esta etapa foi uma carnificina. Já se sabia que ia ser dura ainda antes de se saber que ia chover. A potes. Na manhã de quarta-feira a organização anunciou a retirada de dois dos 9 troços de paralelos, que estavam completamente impossíveis de transpor. A estrada molhada e as condições dos troços de paralelos - um inferno para bicicletas - provocaram dezenas de quedas (24 ainda antes de chegarem aos paralelos). Apenas a ideia de correr nesta etapa deixou todo o pelotão apreensivo, nervoso, ainda antes de se fazerem à estrada. A pressão no Tour de France já é suficiente e acrescentar a isso os problemas dos paralelos pode ser demasiado para a saúde da corrida.

Já antes de começar o Tour se falou, mais uma vez, sobre se os paralelos pertencem ou não a provas de três semanas (por oposição às clássicas de um dia, como o Paris-Roubaix). Muitos ciclistas apostam a época inteira no Tour de France e ficar de fora por causa de uma etapa é quase cruel. No pelotão, as opiniões dividem-se: àqueles a quem a prova correu bem sentem-se entusiasmados com o feito quase heróico de "lutar contra os elementos"; a maioria resigna-se e diz que o Tour começa verdadeiramente depois desta etapa; muitos defendem que os paralelos não pertencem à Volta à França e que servem apenas para dar espectáculo aos adeptos e que acrescentar esta etapa à competição é quase deixar à sorte o resultado final.
 

Prós:

Primeiro, é necessário frisar que o Froome abandonou ainda antes de se entrar nos paralelos, fruto de duas quedas nesse dia e de uma no dia anterior (essa que lhe deu muitas dores num pulso e pode ter mesmo sido essa a razão principal para ter abandonado, adivinhando o calvário de passar os paralelos com um pulso em mau estado). A chuva terá sido, portanto, a razão pela maioria das quedas do dia e não os paralelos.

Segundo, a etapa foi verdadeiramente um espectáculo. Para um adepto a única coisa que retira o gozo de um dia na destes é se for forçado a abandonar um dos principais ciclistas. E a felicidade, o sentimento de dever cumprido - e bem cumprido - dos ciclistas a quem a etapa correu bem é mais marcante nestes dias. Os paralelos são apenas mais um tipo de etapa (juntando-se às divisões existentes entre montanha, colinas, plano e contra-relógios) e numa prova de três semanas como o Tour podemos dizer que o verdadeiro campeão terá de cruzar todos os tipos e sair vencedor no final. Caso contrário seria defensável retirar também os contra-relógios que "eliminaram" muitas vezes ciclistas como o Andy Schleck.


 
 

Veredicto:

Eu sou da opinião de que se devem manter as provas de paralelos. O facto de a etapa ter calhado à chuva, este ano, foi simplesmente azar. A etapa é espectacular e premeia a garra mesmo daqueles que não são especialistas (como aconteceu este ano com o Nibali, que ganhou 2 minutos aos principais adversários), possibilita diferentes tácticas de equipas que não acontecem noutros terrenos e, como disse antes, acaba por ser mais um obstáculo que os vencedores meritórios têm de ultrapassar para serem os reis da maior prova de ciclismo.

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